domingo, 3 de agosto de 2014

O RICO FUNERAL DE UM SUICIDA


Esse fato aconteceu quando eu era uma adolescente.
Mudarei os nomes das pessoas envolvidas.
Década de 60, ditadura,jovens estudantes começavam a se envolver, lutar e pagar com a própria a vida em uma luta incansável pela democracia.
As drogas já existiam mas pouco se sabia, eram associadas mais a artistas e hippies.
Em um bairro de classe média de Belo Horizonte,uma rua pacata onde vizinhos eram quase parentes.
Pouco ou nada de informações sobre depressão ou outros transtornos.
Só conhecíamos os 'loucos', era assim que eram tratados, que andavam pelas ruas falando sozinho, ou com atitudes tidas como anormais.
Coincidentemente dois suicídios de vizinhos, em anos diferentes porém próximos.
Carlos morava a direita de minha casa, era um jovem meio estranho, não tinha amizades, o que sabíamos é que tocava piano pois ouvíamos de nossa casa.
A família foi muito discreta e nada se comentou.
Passado algum tempo outro vizinho em frente também deu um fim trágico em sua vida.
Era um jovem bonito, alegre, comunicativo que interagia naturalmente sem demonstrar nenhum problema.
Não soubemos como nem porque contraiu dívidas acima de seu padrão financeiro.
Roberto, desesperado com os credores se humilhou pedindo ajuda a família que apesar de não ter grandes posses, unidos poderiam ajuda-lo com um empréstimo.
Mas, pais, irmãos, tios, avós todos foram unânimes em negar.
Nunca se falou em dívidas com drogas, não era comum, eram dívidas normais.
Infelizmente, Roberto não aguentando a pressão e provavelmente em estado depressivo resolveu sair de cena.
Aí sim apareceu dinheiro. Dinheiro para a melhor urna funerária, muitas e muitas coroas de flores, pode-se dizer que foi um enterro de primeira classe.
Uma pergunta ficou no ar: Se não havia dinheiro para o empréstimo como apareceu depois da morte?
Estou usando esse fato real para comparar com o que acontece diariamente.
Será preciso um amigo ou parente chegar a esse extremo para que as pessoas se aproximem.
Não estou aqui falando em dívidas,mas em tristeza, depressão e tantos outros tantornos.
Precisamos constantemente uns dos outros, diga não ao preconceito, e nem sempre financeiramente , mas em atenção, carinho,amor ao próximo,amizade verdadeira.
Se sabemos que alguém de nossa família ou amigos precisa de ajuda, apoio,um ombro, colo, não seja preconceituoso, aproxime-se.
Não espere seu filho, irmão ou amigo partir para se arrepender, será tarde demais.
Não basta falar do amor de Deus,é preciso ação.
GRAÇAMEREU
Nunca despreze as pessoas deprimidas.
A depressão é o último estágio da dor humana.

2 comentários:

  1. Tema forte, o próprio título chama atenção.
    Como sempre seus textos nos remetendo a refletir.
    Existem pessoas de meu convívio que precisam ler.
    Peço licença de copiar e imprimir, obviamente fornecendo a fonte.
    Obrigada!
    Sheila

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  2. Claro que dou licença, se servir para tocar a quem precisa ficarei muito feliz.
    Obrigada,abraços!

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